O mundo se move de forma intensa e desordenada. Atravessar fronteiras é a única forma que milhares de pessoas encontram para sobreviver à violência, à fome e à morte em seus países de origem. Busca-se a dignidade em terras e culturas estranhas. Para trás ficam familiares, raízes, histórias de vidas consumidas pela guerra e intolerância racial, religiosa e cruel.

Países da velha e rica Europa recebem, nem sempre de braços abertos, um contingente massivo de pessoas fugidas da África e do Oriente Médio. A Síria se tornou o maior exportador de pessoas do planeta.

Recentemente, a imagem das ondas do mar batendo no corpo inerte de uma criança percorreram o mundo e acordaram as nações para a gravidade do caos humanitário. Durou pouco. Países que estavam com as portas escancaradas para receber essas pessoas agora deixam uma pequena fresta. Muros, cercas, arames e policiais armados protegem fronteiras.

Ao mesmo tempo que se apregoa e se vangloria a globalização econômica e um mundo digital sem fronteiras, a realidade para esses fugitivos é outra. Poucos querem dividir seu espaço, seu trabalho, seu país com outrem. E cada cidadão ou país tem seus motivos.
Famílias inteiras são obrigadas a passar noites geladas ao relento, ou a caminhar quilômetros e quilômetros carregando suas crianças e poucos mantimentos, sem saber ao certo onde estarão amanhã.
O exemplo da busca por uma vida digna é tamanha que ontem foi contada a história de uma senhora afegã, de 105 anos, que está há 20 dias na estrada, sendo carregada em boa parte do caminho por seu filho de 67 anos, tentando chegar à Suécia.
E não é só no velho mundo que isso vem acontecendo. Aqui pertinho, o presidente venezuelano Nicolás Maduro expulsou milhares de colombianos que viviam no seu país, acusando-os de serem paramilitares e de fazer contrabando. Os colombianos tiveram que atravessar um rio com água até a cintura carregando móveis, colchões e crianças.
Felizmente, o Brasil, o brasileiro, é diferente. Recentemente fiz uma viagem ao Sul em um ônibus, e tanto na ida como na volta estavam grupos de haitianos. Sentiam-se em casa, à vontade, em busca dos seus sonhos e objetivos.
Esta semana estávamos em uma farmácia de Barão Geraldo quando entrou outro grupo de haitianos falando seu dialeto. Bem vestidos e educados, chamavam a atenção. Momentos depois, voltamos a encontrá-los em outro comércio.
Ali, tentavam se comunicar com uma vendedora aflita, que não entendia inglês. Minha mulher interveio e os ajudou a fazer o pedido. Muito educadamente agradeceram, fizeram a compra e foram embora.
É claro que também encontram resistência no Brasil, famigerado pelo desemprego e o alto custo de vida, mas vejo o brasileiro como a estátua do Cristo Redentor, no alto do morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, de braços abertos para receber os cidadãos do mundo. É essa qualidade que torna o brasileiro único.

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