A operação Lava Jato tem deixado o País de boca aberta com a quantidade de dinheiro, imóveis, artes e veículos encontrados nas mansões dos acusados de desvio de verba pública. A quantia é tanta que quando um sujeito diz ter desviado menos de R$ 1 milhão, se torce o nariz para o “dinheiro de pinga”.

Um exemplo é o ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, que em depoimento na CPI da Petrobras se comprometeu a devolver US$ 97 milhões que estavam em paraísos fiscais e mais, segundo ele, a bagatela de US$ 70 mil existentes em um banco nos Estados Unidos. Dinheiro de pinga. Para ele. 

São cifras tão astronômicas, na casa dos bilhões de dólares, que fica difícil dimensionar no nosso pobre imaginário de assalariado. Dá até para imaginar as ricas cédulas fazendo fila indiana para saltar no bolso desses sujeitos, enquanto se regojizam com um copo de uísque na beira da piscina.

Uma forma de quantificar essas fortunas é a exibição de carros superesportivos e de luxo encontrados com os magnatas da corrupção. Lamborghini, Porsche, Ferrari, Cadillac e Royls-Royce, só para ficar nos mais conhecidos e caros, em quantidades nunca antes vistas neste País.

Da mansão de cada sujeito investigado saem duas ou três dessas poderosas máquinas. Sem contar helicópteros, jatinhos, supermotos, apartamentos, sítios, mansões, viagens etc.

Aliás, sempre que uma quadrilha de traficantes, sequestradores ou assaltantes de bancos é desmantelada, temos imagens de veículos luxuosos sendo apreendidos. 

Em uma sociedade cada vez mais atrelada a valores materiais, o carro é um símbolo de status, ostentação e, por que não, arrogância. Quanto maior a cilindrada, maior é o poder emanado. 

Tive um professor na universidade que desprezava esse símbolo de status. Andava tranquilamente com uma velha Brasília, sem o mínimo de conforto. Para ele, o carro era um meio de transporte. 

Outra exceção é o ex-presidente uruguaio José Mujica, que mesmo no comando do país, ignorava os carros oficiais e dirigia seu velho fusca azul ano 1987. Temos algum político no Brasil agindo dessa forma? O que vale é a ostentação e a ganância desenfreada. 

As revelações que surgem de cada depoimento dos envolvidos na Operação Lava Jato são cada vez mais estarrecedoras e mostram a impressionante capacidade do ser humano em ser corrompido. 

Por mais que tenhamos nos acostumado com escândalos envolvendo políticos e empresas, sempre há mais podridão do que nossa vã inocência supunha.

Publicado no jornal Correio Popular

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