Quando si pianta la bela polenta,
la bela polenta si pianta così,
si pianta così, si pianta così.
Bela polenta così.
Cia cia pum, cia cia pum.
Cia cia pum, cia cia pum.


Nos últimos dias esta cantiga italiana não me sai da cabeça. Também pudera. Estive em Erechim (RS) participando do segundo encontro da famiglia Mazzarolo. Então, imagina a italianada toda reunida, falando Talian (variante da língua vêneta, do norte da Itália), cantando, dançando. Tinha nono, nona e aquelas vastas mesas com muita comida. Só faltou o parreiral como cobertura.

E também teve algumas rusgas, mas de leve, enfim, era um encontro de família italiana, onde todos os exageros são permitidos. E estava frio, então tivemos que tomar vinho para esquentar. Muito vinho.

Obviamente, também rezamos porque a famiglia toda é católica. Veio parente de Roraima, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, mas a maioria está concentrada em Porto Alegre e nas redondezas de Veranópolis, na serra gaúcha, onde os primeiros Mazzarolo chegaram por volta de 1880.

O encontro também coincidiu com a comemoração, em maio, dos 140 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos no Rio Grande do Sul. Nas conversas, eram lembrados os primeiros parentes que chegaram ao Estado e as agruras de começar uma nova vida apenas com a roupa do corpo.

A maioria veio do Norte da Itália, onde passava fome, e aqui recebeu um pedaço de terra na serra (os alemães, que tinham chegado antes, ficaram com as melhores áreas).  Começaram derrubando árvores para depois plantar o que comer. Nada fácil. A serra era tão íngreme que, em tom de brincadeira, diziam que plantavam a lavoura com tiro de espingarda e colhiam a laço.

Meus avós, Pietro Davide (que no Brasil foi registrado como Guerino), nasceu em Asolo, província de Treviso, Itália, em 1883, e veio para o Brasil com quatro anos. Foi se alojar na serra gaúcha. Lá conheceu minha nona, a Veneranda Zanon, que também tinha vindo da Itália, casaram e por lá ficaram até morrer, na década de 1960.

O curioso é a mania da família de trocar os nomes. Como já citei, na Itália, meu nono se chamava Pietro Davide, mas no Brasil foi registrado como Guerino. Ninguém sabe porque. Tenho vários tios cujo nome usual é diferente do registrado em cartório. Por exemplo, todos chamavam meu tio de Ermínio, mas seu nome era Gotardo. Também tinha a tia Maria,  que na verdade era Clementina.

Segundo o parente Laurentino, um estudioso da família, o pai registrava um nome, a mãe não gostava e chamava por outro nome, ou o padre dizia que tinha que ter nome de "Santo", aí adotavam outro nome. Meu pai, por exemplo, foi registrado como Massarolo (por erro do cartório, pois o correto é Mazzarolo) e assim surgiu uma nova ramificação na família.

E tudo isso foi conversado com a italianada, quando sobrava espaço, pois contrataram um italiano para animar o encontro e ele não parava de cantar. Bem, de vez em quando parava, mas era para contar anedotas “pesadas”, daquelas que faziam as mamas taparem os ouvidos da criançada.

Foi um em belo encontro, deu para rever antigos parentes e conhecer muitos outros. Teve momentos emocionantes, como lembranças dos meus pais, já falecidos, e o quanto eram queridos pelos parentes. 

No entanto, senti falta da bela polenta, coberta com queijo, salame e esquentada na chapa do fogão. Hummm, saborosa lembrança da infância, mas ali no salão não tinha como fazer. Vamos ver se no próximo, em Foz de Iguaçu, a bela polenta entra no cardápio.

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