A imagem é sempre a mesma. A casa de madeira, pintada de verde claro, com uma pequena varanda na frente, se destaca no céu azul de um dia claro. Ao lado, uma árvore com folhas verde. Na janela aberta, o vento faz a cortina branca chacoalhar levemente para fora. E ela está ali, olhando serenamente, com um leve sorriso nos lábios. É uma senhora, com poucos cabelos, pele branca marcada pela idade, e óculos.

A imagem, volta e meia aparece no sonho. É bom vê-la na janela. Ela não precisa falar nada. Seu sorriso e olhar traduzem seu pensamento. Passam carinho, paz, confiança e um estímulo à vida. Abaixo dela, em frente à casa, um pequeno jardim com rosas, hortênsias, margaridas e copos de leite, são contornados por uma grama verde. O telhado, em forma de pirâmide, fixa a casa ao chão.

Um cachorro malhado, perdigueiro, entra lentamente neste quadro. Observa a senhora, deita na grama, se encolhe e dorme à sombra da casa. O sol está no Oeste, próximo de se esconder atrás da montanha coberta pelo verde da mata virgem.

Um jardim com diversas plantas acompanha toda a lateral direita, até chegar aos fundos da casa. Ali, um extenso parreiral cobre todo o quintal, formando uma nobre e fresca cobertura para as cadeiras que ali esperam. Em uma delas está um senhor, com óculos, chapéu de palha e bigode branco. Ele sorve lentamente seu chimarrão. Deitado aos seus pés, está o mesmo cachorro.

Pouco acima de sua cabeça, centenas de cachos de uva preta, branca e rose afloram pendurados por um pequeno cabo verde ao ramo da parreira. Abelhas aproveitam para sugar o néctar dos grãos que já passaram do ponto de maturação. Ouve-se apenas o zunido delas sobrevoando o quintal.

O parreiral continua e contorna agora o lado esquerdo da casa.
Não vai até o fim, apenas até a metade da casa. Ali estão cachos de uva branca, com mais abelhas. Um pé de romã (também chamado por eles de pão grana), cultivado para comemorar a passagem de ano, completa o circuito. No canto, há ainda um pé de cinamomo, onde um garoto empoleirado em seu galhos, brinca de jogar as bolinhas amarelas.

Volto para frente da casa, olho para a janela e agora estão os dois lá, ele e ela, sorrindo. A casa parece levitar e tudo em sua volta brilha. As cores ganham mais vida. Os dois entrelaçam os braços e sorriem. Então acordo, com a certeza de já ter vivido aquele instante. Um novo dia começa e o sonho deixa tudo mais leve. O bom é saber que ele voltará. Com a janela aberta, a cortina, o sorriso...

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